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10.08.1986
“A mensagem que eu deixo para elas é não desistirem, porque chega sempre o dia de glória. Mas devem trabalhar muito e ser muito disciplinadas. Para chegar onde estou, tive de perder muitas festas, perder momentos com a família, perder noites.
Foram muitas coisas ao longo desta caminhada para aqui chegar, mas valeu a pena, pois consegui trilhar a minha estrada e fazer carreira. Isto depende do que cada um quer. O que eu noto na nova geração, não em todos, mas na maior parte, que estão mais preocupados em serem famosos e não em fazer carreira.
Se estás preocupado em ser famoso, serás durante um tempo mas depois acaba. Mas se o foco é fazer carreira, então é só trabalhar com muito empenho e aproveitar cada oportunidade que apareça.”
(Excerto de entrevista ao Jornal de Angola, conduzida pelo Jornalista Analtino Santos, 2023)
Semba, Kizomba, Kuduro, Afrobeat, Folclore, Rap e R&B
Ariovalda Eulália Gabriel, mais conhecida pelo nome artístico Ary, nasceu no Lubango, província da Huíla, Angola. Filha de Mário José Gabriel (professor de ginástica) e de Maria José Cambinda (bancária), é a mais velha de 6 irmãos.
A família mudou-se para a província de Luanda quando Ary tinha apenas cinco anos de idade.
Sente-se mais caluanda do que mumuila porque toda a sua vivência foi em Luanda. Regressou à sua terra natal quando se tornou numa cantora conhecida.
Ary revelou o gosto pela música quando ainda era criança. Parece que, desde que se conhece como gente, sempre teve gosto em cantar.
Usava o rádio de casa para cantar para os seus familiares, na igreja e na escola. Imitava as músicas de cantoras angolanas e americanas. Por gostar de cantar, foi incentivada por familiares e amigos a participar num concurso musical.
Em 2002, Ary participou do “Chuvas das Estrelas”, da Televisão Pública de Angola (TPA), um concurso que hoje é conhecido como “Estrelas ao Palco”, apresentado pelos jornalistas Jorge Antunes e Patrícia Pacheco.
Conseguiu estar entre as dez finalistas, mas infelizmente, foi eliminada depois de interpretar Lauryn Hill na terceira fase do concurso.
O pai ficou a saber que ela cantava, no dia em que Ary pediu que a acompanhasse ao programa. Foi justamente neste dia que ela perdeu o concurso. Ary estava convicta que iria ganhar e, queria justamente impressionar o pai.
Depois deste desfecho, que lhe deixou um gosto amargo, Ary quis desistir da música. No entanto, depois do que tinham visto e do talento que reconheceram nela, a família, os amigos, os vizinhos tentaram dissuadi-la e incentivaram-na a continuar e a perseguir uma carreira musical, o que acabou por suceder.
Em relação às influências musicais, no início, inspirou-se em artistas como a Lauryn Hill (cantora americana), e artistas nacionais como Yola Semedo e Lourdes Van-Dúnem, sendo ainda uma grande admiradora da saudosa cantora Belita Palma.
Ary é ainda apreciadora dos trabalhos de David Zé, Artur Nunes, As Gingas do Maculusso, Margareth do Rosário e muitos outros artistas angolanos.
Fruto de influências exteriores, numa altura em que os canais de televisão passavam muito da música que se fazia nos Estados Unidos da América, os estilos de música de que mais gostava eram Rap, Soul e R&B.
“Eu não gostava de Semba nem de Kizomba. Apenas aprendi a dançar quando comecei a cantar estes estilos, porque não gostava mesmo. Na altura, havia os canais televisivos que passavam muitas músicas americanas e começámos a ter muitas influências de fora, todos queríamos ser americanos e eu bebia muito deles. Por isso, só queria fazer aqueles estilos”.
(Excerto da entrevista ao Jornal de Angola, conduzida pelo Jornalista Analtino Santos, 2023)
Assim, a sua carreira musical começou a ganhar destaque no início dos anos 2000, quando emergiu como uma das vozes mais promissoras no cenário da música angolana, tornando-se conhecida pelo seu estilo vocal único e pelasua capacidade de misturar diversos géneros musicais.
Ary foi apresentada ao cantor e produtor Heavy C, tendo-se iniciado uma colaboração que viria a dar bons frutos e, tornar Ary numa cantora conhecida no panorama musical angolano.
Heavy C, ao ouvir o seu timbre vocal, começou a mostrar algumas músicas gravadas a outros produtores e músicos. O Dj Manya e Yuri da Cunha, foram algumas das pessoas que ouviram. Ao escutarem a sua voz, a forma como cantava faz-lhes lembrar a cantora angolana Nany. Assim, sugeriram que Ary cantasse Semba e Kizomba.
Heavy C pediu-lhe que cantasse “Aí meu amor, meu patrão mandou chamar”. Esta gravação ajudou-a decidir que os estilos musicais que melhor a representavam e pelo qual deveria cantar seriam Semba e Kizomba.
“A partir de hoje vais cantar Semba e Kizomba”. Eu chorei tanto, porque não queria. Refizemos o disco todo que já estava quase pronto, gravado na África do Sul. E foi assim que fizemos “O teu grande amor”. Fomos ter com o Caló Pascoal, gravámos “Carta de Amor” com a Karina Santos e com o Yuri da Cunha gravei o “Meu Patrão”, tudo Semba e Kizomba, que hoje são estilos que me identificam, mas que antes eu desdenhava”. (Excerto da entrevista ao jornal de Angola, conduzida pelo Jornalista Analtino Santos, 2023)
Ary ganhou popularidade em 2007 com a música “Como te sentes tu”, que foi um marco para a sua carreira. O primeiro álbum “Sem substituições” foi um sucesso de vendas e esgotou no primeiro lançamento.
Em 2007, ganhou o Top dos Mais Queridos da RNA (Rádio Nacional de Angola) com a música “Paga que paga” em Malange. Vencer este prémio foi um marco importante pois, durante sete anos consecutivos havia sido nomeada e nunca tinha vencido, pois ficava sempre em segundo ou terceiro lugar. Essa vitória teve um sabor especial para a cantora.
O segundo álbum de Ary “Crescida, mas ao meu jeito”, foi lançado no segundo semestre de 2013.
Foi nomeada várias vezes para o prémio “Divas de Angola”. Em 2013, Ary foi eleita “Diva da Música” no Programa das “Diva de Angola”, prémio esse que voltou a vencer um ano depois, na mesma categoria.
Em 2013, vence com a melhor voz feminina, no “Angola Music Awards”.
Em 2014, vence o prémio “Show do Ano”, no Hotel de Convenções de Talatona.
Em 2014, recebe durante o “Troféu Moda Luanda”, o prémio de Melhor Intérprete Feminina, com a música “Ela mesma”.
Em 2014, Ary partilha com Titica, o prémio “Folclore do Ano” com a música “Pelo Menos 50” (cantada pelas duas, sendo co-autora da música e com os arranjos musicais feitos peloDJ Dias Rodrigues).
Em 2014, o videoclipe da música “Pelo Menos 50”(acima indicada, com Ary, Titica e o DJ Dias Rodrigues) é considerado o melhor do ano, em Angola.
Em 2015, conquistou o troféu de “Melhor Voz da Lusofonia” nos “Africa Music Awards Best Lusophone”.
Em 2016, vence “O Top dos Mais Queridos”, tendo sido a primeira mulher a ganhar dois “Top dos Mais Queridos” com a música “Papá fugiu” (música escrita e composta por Baló Januário). Até então, o prémio tinha sido entregue apenas a cantores masculinos (aos cantores Yuri da Cunha e Matias Damásio).
A título de curiosidade, a primeira mulher a conquistar este prémio foi a cantora Patrícia Faria (em 2003) e a seguir, a cantora Yola Semedo (em 2010).
O lançamento do terceiro álbum “Dez”, marca a passagem de uma década de carreira. O álbum produzido entre Angola, África do Sul e Espanha, é constituído por 16 temas no estilo musical, kizomba, zouk e kuduro, no qual se destacam os temas “Zero”, “Meu momento”, “Festival”, “FF”, “O mambo é meu”, “Diva Ary”, “Chocolate” e “Jindungo”. A produção ficou uma vez mais a cabo da editora LS Produções.
Ary tem feito inúmeras colaborações de sucesso, das quais enumeramos algumas: Badoxa, John Berry, Young Double, Caló Pascoal, Karina Santos, Yuri da Cunha, Puto Português, Titica, Dj Jesus, Baló Januário, Johnny Berry, Matias Damásio, Dj Manya, DJ Malvado, entre outros.
Em 2021, a cantora foi distinguida com prémio de mérito na “V Edição da Gala de Mérito das Mulheres Empreendedoras Europa&África”, promovido por Isabel Nascimento e entregue pelo Adido Cultural da Embaixada de Angola em Portugal, Luandino Vieira. O evento que decorreu no dia 30 de Outubro.
Por iniciativa própria tem usado a sua arte para o activismo e para alertar para as situações de cariz social que afectam a vida de muitos angolanos.
“Em temas como “Papá Fugiu” e “Betinho” encontramos um activismo no campo do empoderamento feminino e na defesa da mulher.
O espectáculo de homenagem a cantora angolana “Nany” no âmbito da comemoração do Dia da Mulher Angolana, decorreu na Casa 70.
” A partir do momento em que passei a perceber que o artista tem força e é um elemento a seguir, que tem voz e pode fazer que um assunto possa ser resolvido através da música, começámos a compor assuntos que retratam a realidade do nosso quotidiano.
Eu gosto de cantar estes tipos de temas. “Paga que paga” também vai nesta linha de um pai que tem dinheiro e que não gasta em casa com os filhos e mulher, mas prefere gastar na rua. Sinto que quando canto uma música que fala destes problemas, sou muito mais ouvida.
Gosto de cantar sobre o problema das pessoas e que, muitas vezes, também é o meu problema, porque muitas outras estão a viver ou passaram por situações semelhantes. Serve o exemplo do Betinho, que aborda a violência doméstica. Cantei de uma forma cómica e também peço para denunciarem. É um alerta, assim como em “Papá Fugiu”.
(Excerto da entrevista ao jornal de Angola, conduzida pelo Jornalista Analtino Santos, 2023.)
Ary é famosa pela sua versatilidade, tendo um extenso repertório de sucessos, sendo frequentemente elogiada pela sua capacidade vocal e performance, únicas em palco.
Além disso, Ary é conhecida pelo seu estilo excêntrico, extrovertido quase camaleónico, a sua espontaneidade e a sua energia contagiante. E uma das artistas femininas mais proeminentes na actual cena musical angolana e a mais popular entre as artistas femininas.
O público nutre por ela um enorme carinho e apelidou-a de “Diva Ary”, sendo a segunda artista feminina mais galardoada do país, superada apenas por Yola Semedo.
Ary é celebrada pela sua significativa contribuição à música angolana e africana. A sua capacidade de estabelecer ligações entre diferentes géneros e culturas na sua música, juntamente com a sua voz poderosa e presença de palco, fizeram dela uma figura influente no mundo da música.
Ary continua a inspirar novos artistas e a levar a música angolana além-fronteiras.
2007: “Sem Substituições”
2013: “Estou mais crescida, mas ao meu Jeito”
2016: “10”
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